“Desde março, o setor do comércio de ótica sofreu uma quebra global de 70% nos resultados, situação que ameaça a sustentabilidade das 1.511 lojas filiadas na Associação Nacional de Ópticos (ANO)”, de acordo com as conclusões desse trabalho, realizado a pedido da instituição.
Ricardo Reis alertou que “na ausência de medidas efetivas de apoio, o setor enfrenta o risco de concentração e a consequente perda de qualidade do serviço de saúde visual que as óticas prestam à população”.
Numa nota, a dar conta das conclusões, Ricardo Reis e a ANO referem que “as óticas não estão a conseguir recuperar as perdas sofridas no período de confinamento e estado de emergência”, alertando que “a crise económica está agora a por em causa centenas de empresas, sobretudo nos centros comerciais, onde há mais de 200 lojas em risco, e nas zonas rurais, onde os proprietários não conseguem ter retorno dos elevados níveis de investimento que este setor exige”.
O estudo sublinha ainda que o “desaparecimento físico destas lojas obrigará as populações” a “deslocarem-se para os grandes centros urbanos para aceder a cuidados de saúde visual”, perdendo proximidade, bem como “relação de confiança e qualidade do serviço, ou seja, com menos óticas, menos cuidados visuais disponíveis”.
Paralelamente, nas cidades, “a quebra de resultados está a pôr muitas microempresas sob pressão e em risco de serem franchisadas e absorvidas por grandes grupos multinacionais”.
De acordo com o estudo, esta concentração “implicará a perda de qualidade da oferta, nomeadamente no que respeita à proximidade, diferenciação, confiança ente ótico e cliente, bem como no que respeita à qualidade do emprego que caracteriza este setor”.
O estudo alerta assim para o “risco iminente de descaracterização de um setor que investe continuamente em tecnologia, que é financeiramente estável, bom empregador e que tem uma função essencial na comunidade”.
Tendo em conta a gravidade da situação, segundo o estudo, “a ANO tem vindo a realizar reuniões com o Governo, nomeadamente com os secretários de Estado para os Assuntos Fiscais e do Comércio e Serviços, tendo apresentado propostas de solução para a viabilização do setor” e que incluem a possibilidade de um “cheque-óculos”, a par de outros “apoios conjunturais”, como a “criação de um regime excecional para os contratos de arrendamento urbano não habitacional, semelhante ao aprovado para as lojas dos centros comerciais”.