Entre 2000 e 2015 foram vários os investimento da Caixa Geral de Depósitos (CGD) que acabaram por se revelar ruinosos para o banco estatal. Mas a aposta da instituição financeira no BCP acabou por ser a mais “penosa” financeiramente: a Caixa perdeu 559 milhões de euros.
De acordo com as conclusões preliminares da auditoria realizada pela EY a 15 anos de gestão da CGD, revelada por Joana Amaral Dias na CMTV e a que o Negócios teve acesso, nem os dividendos na ordem dos 40 milhões de euros conseguiram compensar este investimento no banco privado.
A CGD entrou no BCP a 31 de março de 2000. Foi nessa data que os dois bancos assinaram um acordo segundo o qual a seguradora Mundial Confiança vendeu ao BCP a sua participação maioritária de 53,05% no Banco Pinto Sotto Mayor. Em troca, a seguradora ficou com uma participação de 8,5% no capital do BCP, numa posição avaliada em 950 milhões de euros. Isto considerando que cada ação foi vendida por 5,28 euros.
Já em 2001, a Mundial Confiança exerceu os direitos de subscrição no âmbito do aumento de capital, “sob orientações do conselho de administração da CGD”, elevando o investimento para 1.009,6 milhões de euros. A totalidade das ações foi vendida pela seguradora ao banco estatal em 2001 e 2002 ao preço de custo.
Porém, entre 2002 e 2003, as ações do BCP registaram uma desvalorização acentuada (-67% em relação à cotação inicial na data de transação). Neste cenário, a CGD decidiu não acompanhar o aumento de capital no exercício de 2003, diluindo a sua participação em 2,39% e obtendo um ganho de 22 milhões de euros pela venda dos direitos de subscrição.
Já entre 2004 e 2006, foi seguida uma estratégia de desinvestimento com a alienação de 4,19% do capital do BCP, o que se traduziu em perdas de 366 milhões de euros. E as perdas não ficaram por aqui. Nos anos seguintes, entre 2007 e 2009, os títulos do BCP voltaram a recuar 70%, em plena guerra de acionistas. Aqui, diz a EY, a CGD “seguiu a estratégia e aquisição e alienação de ações de forma a diluir o custo de aquisição, registando perdas no valor de 142 milhões de euros”.
Perdas com La Seda e Vista Alegre
A La Seda é um dos quatro exemplos apontados pela EY de sociedades onde a CGD tomou posição acionista quando tinha ao mesmo tempo uma exposição creditícia elevada. A decisão deste investimento, que começou com a entrada no capital em 5% mas chegou a 7,2%, estava relacionada com a capacidade de influenciar a localização de uma unidade fabril em Portugal, ou seja a unidade de PTA em Sines. Sem que o crescimento da La Seda de concretizasse, a CGD registou perdas efetivas de 53 milhões nas suas contas individuais. Outra das situações apontadas foi a aquisição de uma participação na Vista Alegre Atlantis em 2006 num processo de regularização de um crédito vencido. Apesar dos problemas financeiros apresentados, a CGD acompanhou os sucessivos aumentos de capital. No final perdeu cerca de 16 milhões.