A compra de casa é um grande passo para a maioria das famílias portuguesas e quase sempre implica a contratação de um financiamento bancário, que se for mal feito pode tornar-se num peso para o resto da vida. Para ajudar-te a fazeres o empréstimo certo e evitar que caias em incumprimento o idealista/news está a publicar um especial sobre crédito à habitação.
Queremos explicar-te, de forma simples mas detalhada, como funciona o mercado do crédito à habitação em Portugal.
À parte da reportagem do “cliente mistério” que todos os dias visita um dos principais bancos a operar em Portugal para dar-te a conhecer as suas ofertas e condições, apresentamos-te um guia para que saibas tudo sobre empréstimos para a compra de casa.
Este dossier é preparado pela Deco – Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor para o idealista/news. Aqui tens o sétimo capítulo:
Afinal o que são a TAN, a TAE e a TAER?
Quando o consumidor pede uma simulação ou contrata um crédito à habitação e analisa a FIN-Ficha de Informação Normalizada, é normal ser confrontado com a TAN, a TAE ou até mesmo com a TAER. Perceber o que significam, a diferença entre estas taxas e qual a que reflete verdadeiramente o custo do crédito é fundamental e quase sempre é o maior desafio. São muitos os consumidores que desconhecem o que significam e consequentemente, a sua importância.
No entanto, pode-se afirmar, desde já, que a TAE e a TAER são ótimos indicadores para comparar propostas de diferentes instituições financeiras.
A taxa de juro não é mais do que o custo do dinheiro, isto é, quanto um banco cobra por emprestar dinheiro ao consumidor. Esse custo varia em função do prazo, do montante e também do bem que é financiado e das garantias. Para um banco é diferente emprestar para comprar um carro, uma casa ou fazer uma viagem, são produtos completamente distintos.
A taxa de juro é um elemento que permite ao consumidor comparar os custos dos empréstimos das diferentes instituições. Mas, o juro é apenas um dos elementos do custos do empréstimo.
O que é a Taxa Anual Nominal – TAN ?
A taxa anual nominal é a taxa que deve figurar em todos os contratos de crédito e tem como horizonte temporal um ano. No caso de um crédito à habitação com taxa variável, esta taxa é igual ao valor do indexante, normalmente a Euribor, acrescida do spread, taxa que os bancos acrescem à taxa de mercado e que não é mais do que a margem de lucro do banco.
Ou seja, TAN = Euribor + spread (nos créditos indexados a taxa variável)
No caso de um crédito com taxa fixa a TAN pode ser fixada diretamente pelo banco, sem fazer depender de qualquer indexante o seu valor. Ou pode ter como referência as taxas swap, adicionando a esta um spread. Neste caso a taxa de juro resulta, assim, da soma da taxa de juro de referência e do respetivo spread.
E a Taxa Anual Efetiva -TAE, o que é?
A TAE representa o custo anual de um empréstimo em função do montante em dívida ou a remuneração de um depósito, consoante o caso.
Esta taxa tem em conta os encargos inerentes a um pedido de empréstimo, como juros, despesas de processo e comissões. É um bom indicador para comparar o custo efetivo do crédito à habitação.
Mas, é importante ter presente que a TAE não reflete os encargos com seguros e outros produtos associados ao crédito à habitação.
É fundamental para efetuar a comparação do custo de um empréstimo à habitação entre várias instituições, que os requisitos sejam idênticos, nomeadamente o prazo e o montante, esta é uma boa taxa comparativa.
E a Taxa Anual Efetiva Revista – TAER, para que serve?
A TAER é um indicador obrigatório em todas as simulações de crédito à habitação, sempre que exista a subscrição de outros produtos que permitem beneficiar numa redução do spread.
Ou seja, trata-se de uma TAE com os custos da subscrição de outros produtos associados. Caso existam produtos que permitam baixar o spread deverá ser esta a taxa a utilizar para comparação com as propostas de outros bancos.
Sempre que o consumidor pretenda contratar um crédito à habitação a TAE ou a TAER são as duas melhores taxas para comparar ofertas de diferentes bancos e não a comparação de taxas nominais.
Se o consumidor tiver interesse em subscrever alguns produtos ou serviços bancários, como seguros, pagar as contas dos serviços essenciais por débito direto ou domiciliar o ordenado, compare as taxas anuais efetivas revistas (TAER). Estas já refletem o spread, a indexação à Euribor, os custos do processo e os custos inerentes à subscrição de outros produtos da instituição.