A maior parte dos trabalhadores em Portugal (69%) espera que 2019 seja sinónimo de um aumento salarial. No entanto, se o cenário se repetir, o incentivo não chegará a todas as contas bancárias, pois apenas 44% dos profissionais tiveram uma subida nos ordenados em 2018, de acordo com o relatório “Salary Survey 2019”, elaborado pela consultora especializada em recrutamento Robert Walters.
A empresa britânica, com presença em Portugal, concluiu ainda que 37% dos profissionais em Portugal estão a tentar mudar de emprego, sobretudo por quatro razões: progressão na carreira, remuneração e benefícios, cultura empresarial atrativa e mudança de responsabilidades. Arrumando a secretária para outro posto ou mantendo-se na zona de conforto, os trabalhadores da capital parecem ser os mais otimistas com as oportunidades de emprego, uma vez que, em Lisboa, 82% dos profissionais garantem sentir confiança nas oportunidades de emprego no seu setor.
Os especialistas da Robert Walters não têm dúvidas: as empresas nacionais voltaram, no ano passado, às grandes contratações. Giles Daubeney, executivo da Robert Walters, considera que, por toda a Europa, o mercado de recrutamento esteve de crescimento em crescimento ao longo de 2018. “A maioria dos mercados registou uma subida nas contratações devido às condições económicas positivas e a confiança dos empregadores”, afirma.
O grupo prevê que a procura global pela tecnologia e pelo digital continuará em 2019 sem sinais de abrandamento, pelo que aconselha os patrões a reestruturarem os planos de recrutamento, a contratar ‘fast learners’ e, além de apresentar tabelas salariais atrativas, “continuarem a investir na aprendizagem e no desenvolvimento”, de forma a conseguir reter talento.
“O investimento empresarial aumentou e, paralelamente, assistimos a um aumento do número de empresas internacionais a começar a abrir em Portugal. Com isso, surgiu uma abundância de oportunidades em todos os setores. A liderar o caminho esteve o setor de Tecnologias da Informação (TI), com os programadores a ser especialmente procurados”, refere o estudo enviado ao Jornal Económico.
Perante uma escassez de candidatos, este segmento de atividade foi impulsionado por trabalhadores temporários e freelancers e ficou marcado pelo acréscimo homólogo nas remunerações – benesse que não foi comum a muitos mais setores. “Em 2019, a lacuna de skills em TI e tecnologia será particularmente evidente e levará, pelo menos, dois anos a equilibrar-se. As empresas devem-se concentrar em melhorar a qualificação dos funcionários que têm na tentativa de o neutralizar”, aponta Marco Lavega, managing director da Robert Walters para o mercado português e espanhol.
A análise mostra também que esta confiança do tecido empresarial português contagiou o imobiliário: “Vimos várias empresas investirem através da compra de edifícios e programas de reabilitação, juntamente com a compra de terrenos e a construção de novos empreendimentos”.
Remunerações anuais em Portugal (2018-2019)
*em euros