Portugueses gastaram mais de dois mil milhões em apostas online

É talvez uma das formas mais fáceis de ganhar dinheiro para quem tem sorte, mas é também muito fácil perdê-lo. As apostas online são cada vez mais aliciantes e, só no nosso país, deverão existir entre 400 a 600 mil apostadores únicos registados – entre 4,6% e 6,9% da população adulta do país a fazer apostas neste mercado ao nível dos países analisados – perfazendo um total de 1,18 milhões de contas abertas. 

Os números correspondem a estimativas do estudo ‘Jogos Online em Portugal – A melhor aposta para o sistema regulamentar nacional’, realizado pela Winning Scientific Management para a Associação Portuguesa de Apostas e Jogos Online (APAJO), apresentado ontem e tem como principal objetivo conseguir dar aos seus associados números fiáveis no que diz respeito às apostas online no nosso país. 

De acordo com os mesmos dados, cada português terá, em média, duas contas.

Em Portugal, a taxa de penetração é significativa: 6,9% – ficando até acima de outros países também apresentados neste estudo. É o caso de França (5,1%), Itália (4,3%) e Espanha (3,7%). Já o Reino Unido apresenta um valor bastante superior: 17%.

Mais de dois mil milhões em apostas No que diz respeito ao valor apostado nos jogos online, os portugueses gastaram, em 2018, 2.432,1 milhões de euros, ou seja, 2,4% do seu rendimento anual. Um número considerado “bastante saudável”, em linha com os outros mercados, revelou o presidente da APAJO. Este valor significa um aumento de 37,3% em relação ao valor gasto nas apostas e jogos online em 2017, o que representa um aumento de 661,3 milhões de euros. 

Já em relação às receitas brutas, o montante fixou-se nos 152,2 milhões de euros no ano passado e, também neste parâmetro, foi registado um aumento de 24,2% face ao ano anterior.

A receita fiscal referente ao Imposto Especial sobre o Jogo Online (IEJO) chegou aos 66,5 milhões de euros, um aumento de 22,7% face a 2017. É de referir que, o jogo online passou a ser taxado a 25%. 

Para o presidente da APAJO, Gabino Oliveira, estes resultados são positivos, uma vez que o mercado das apostas online em Portugal, “de 2017 para 2018 teve um crescimento bastante assinalável”, numa altura em que o nosso país ainda não atingiu os três anos de mercado.

Maior proteção do jogo online Apesar de o estudo pedido pela APAJO evidenciar que o mercado português tem crescido neste setor, a associação acredita que os operadores licenciados precisam de mais proteção no que diz respeito aos mecanismos de combate ao jogo não licenciado. Já a informação disponibilizada sobre o setor beneficiaria ser mais detalhada e abrangente.

Segundo Gabino Oliveira, “cerca de 80% das transações associadas ao jogo online estão associadas a sistemas de pagamento como o Multibanco e o MB Way, pelo que a utilização destes meios de pagamento a operadores não licenciados deve ser alvo de maior restrição e bloqueio por parte das entidades autorizadas a restringir este acesso”.

Respondendo às informações divulgadas de que o mercado ilegal em Portugal no que diz respeito às apostas online representaria um mercado de 50%, o responsável diz considerar essa informação “pouco credível”. 
Ainda assim, admite que “é muito difícil medir o mercado ilegal”, considerando que o número é “seguramente inferior a 50%”. No entanto, garante que se o valor for ao encontro com a percentagem do mercado negro existentes nos outros países então esse peso em Portugal irá representar entre 20 a 30%.

O presidente da APAJO defende ainda ser “muito importante que Portugal acompanhe o alinhamento revelado por esta análise face à Europa aumentando também a sua oferta de produtos com novos tipos de jogos online, tais como o casino ao vivo, jogos virtuais e apostas em e-sports”.

Apesar de ainda não serem conhecidos os valores das apostas online para o primeiro trimestre deste ano, Gabino Oliveira acredita que os resultados “sejam muito positivos”, uma vez que considera que “o primeiro trimestre correu bem”. 

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