O carvão foi a principal carga que contribuiu para esta queda homóloga, com um recuo de 85,7% até julho, segundo os dados divulgados pela AMT, pois apresentou a maior diminuição ao nível dos mercados de carga, ao registar um volume movimentado inferior em cerca de 1,88 milhões de toneladas face ao período homólogo de 2019.
Esta situação deve-se à ausência de registo de qualquer importação nos últimos três meses, na sequência da suspensão quase total da atividade das centrais termoelétricas de Sines e do Pego.
As decisões de suspender a atividade destas centrais não resultaram da crise pandémica da covid-19, justifica a AMT, mas da sustentabilidade comprometida das unidades, “fortemente penalizadas economicamente” pela elevada emissão de dióxido de carbono (CO2) que originam.
O volume de carga movimentada no mês de em julho confirma a manutenção do abrandamento do ciclo negativo que se tem vindo a observar, ao apresentar uma queda de 17,3 pontos percentuais em relação ao recuo verificado em junho, e um decréscimo de 8,6% face a julho do ano passado.
Estes números são explicados pelo comportamento negativo da maioria dos portos, com destaque para Sines, que apresenta uma diminuição de 2,4 milhões de toneladas, bem como para Lisboa, que recua 1,6 milhões de toneladas, e para Leixões, cujo movimento reflete um decréscimo de 1,4 milhões de toneladas.
Os portos da Figueira da Foz e de Faro, por sua vez, são as únicas exceções ao registarem aumentos homólogos até julho de 2,6% e de 37%, respetivamente, excedendo em 52,3 mil toneladas (mt), no seu conjunto, o valor de idêntico período do ano passado.
Também os mercados do petróleo bruto e dos produtos petrolíferos, merecem particular destaque, ao registarem uma significativa diminuição do volume, que ascende a 827,8 mil toneladas (-11,9%) e a 1,66 milhões de toneladas (-15,5%), respetivamente.
As quedas resultam da crise pandémica, uma vez que esta levou a “uma forte retração do consumo de combustíveis”, a nível nacional e internacional, e, consequentemente, a “uma interrupção e redução da sua produção por falta de capacidade de armazenamento, com significativos efeitos nefastos” no desempenho dos portos de Leixões e de Sines, recorda a AMT.
Quanto à carga contentorizada, esta registou também quebras nos primeiros sete meses deste ano, muito pela retração da atividade económica motivada pela pandemia de covid-19, com uma redução de 603,9 mil toneladas (mt), inferior à observada no mês anterior em cerca de 250 mt, e pelo comportamento do porto de Lisboa.
No caso do porto de Lisboa, o volume de carga contentorizada diminuiu em 1,2 milhões de toneladas (-43,6%), evolução que, segundo a AMT, “não pode ser dissociada do clima de perturbação laboral existente”, decorrente dos persistentes pré-avisos de greve dos trabalhadores portuários.
O porto de Sines mantém a liderança do movimento global portuário com 49,8% do total, um acréscimo de 1,1 pontos percentuais face ao período homólogo do ano passado, sendo que está, contudo, a menos quatro pontos percentuais do seu máximo registado em 2016.
Leixões permanece no segundo lugar, com uma quota de 22%, seguido por Lisboa (10,9%), Setúbal (8,1%), Aveiro (6%), Figueira da Foz (2,5%) e por Viana do Castelo, Faro e Portimão, que no seu representam 0,7%.