Crédito. Bancos emprestaram mais de 20,5 milhões por dia

Os bancos emprestaram 575,3 milhões de euros em fevereiro em crédito ao consumo. Este valor representa uma subida de 1,6% em relação a janeiro, mas manteve-se inalterado face a igual período do ano passado, revelam os dados do Banco de Portugal. Feitas as contas dá uma média de 20,5 milhões de euros por dia. 

Só para a compra de automóvel (novos e usados), foi concedo 217,1 milhões de euros. Trata-se do valor mensal mais reduzido desde abril de 2017, altura em que o montante tinha atingido os 201 milhões de euros. Trata-se de uma redução de 3,4% face a fevereiro de 2018. Já em janeiro, o valor que foi concedido para a compra de carros tinha recuado 2,9% e está em linha com os dados que têm sido divulgados pela Associação Automóvel de Portugal (ACAP) que já tinha apontado para uma quebra de vendas de 8,2 em fevereiro. No primeiro trimestre do ano foram matriculados 59.445 veículos ligeiros de passageiros, o que se traduz numa variação negativa de 5,9% relativamente ao período homólogo de 2018. 

Em contrapartida, no crédito pessoal verificou-se um aumento de 1,3% para 266 milhões de euros em termos de variação homologa. Também o crédito concedido através de cartões e descoberto subiu 5% em fevereiro, atingindo os 92 milhões de euros.

Quanto ao número de novos contratos de crédito aos consumidores, o crédito pessoal está em queda, ao ter registado uma descida anual de 4,2% para 37.565 novos contratos; o crédito automóvel caiu 5,6% para 15.597 novos créditos; só os cartões e descoberto subiram 0,4% para 69.311 contratos. Ao todo em fevereiro os novos contratos somam 122.473 o que traduz uma queda de 1,8% face a janeiro e de 1,5% face a fevereiro de 2018.

Já no início deste mês, o Banco de Portugal tinha revelado que os bancos tinham emprestado mais de 700 milhões de euros para a compra de casa, em fevereiro, menos do que os 747 milhões de euros concedidos um mês antes. Pelo segundo mês, o novo crédito para a compra de casa recuou. Ainda assim, nos primeiros dois meses do ano, foram emprestados 1.481 milhões de euros, o valor mais elevado desde 2010.

A verdade é que estas reduções em termos de montante concedido ocorrem, numa altura, em que o regulador impôs algumas recomendações que têm como objetivo limitar a concessão de crédito por parte das instituições financeiras de forma a que as famílias apenas gastem metade do seu rendimento com empréstimos bancários e também que os bancos não assumam riscos excessivos nos novos créditos, garantindo que os clientes tenham capacidade de pagar as dívidas. Estas limitações surgiram depois de o Banco de Portugal ter admitido em junho passado, no Relatório de Estabilidade Financeira, que havia “alguns sinais” de sobrevalorização dos preços do imobiliário, embora limitados.

Para já, estas regras são apenas uma recomendação – ainda que os bancos que não as cumpram tenham de se explicar –, mas o governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, já veio avisar no parlamento que, se os bancos não as respeitarem, poderão passar de recomendações a ordens vinculativas.

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