A atividade económica em Portugal regista uma “recuperação significativa”, mas “para níveis ainda inferiores aos do período homólogo de 2019”, ou seja, em relação ao pré-crise. Quem o diz é o Instituto Nacional de Estatística (INE), na síntese económica de conjuntura, publicada esta quarta-feira.
A autoridade estatística nacional constata que “a informação disponível para março e abril revela taxas de variação homólogas positivas, mais intensas no último mês, após taxas negativas desde o início da pandemia”. Um evolução impulsionada pelo efeito de base, “visto que, pela primeira vez, decorrido um ano, a comparação incide sobre meses já fortemente afetados pela pandemia (março e abril de 2020)”.
Apesar desta recuperação, “em geral, os indicadores observados ainda não atingiram os níveis do período homólogo de 2019”, ou seja, o patamar pré-crise, aponta o INE. Mas, destaca duas exceções positivas, em indicadores ligados ao investimento, onde o nível de 2019 já foi superado: as vendas de cimento e as importações de máquinas.
O INE indica ainda que o indicador de atividade económica – que sintetiza um conjunto de indicadores quantitativos que refletem a evolução da economia – “aumentou significativamente em março e atingiu o valor mais elevado desde abril de 2019, após as acentuadas reduções em janeiro e fevereiro”.
Ao mesmo tempo, o indicador quantitativo de consumo privado registou em março uma redução em termos homólogos menos intensa, atingindo o valor mais elevado desde março de 2020. “Ainda assim, não recuperou relativamente aos níveis pré-pandemia”, constata o INE.
Um indicador importante na análise do consumo são as vendas de automóveis ligeiros de passageiros, que cresceram 440,8% em abril, refletindo um forte efeito de base em abril de 2020, após a recuperação de 19,9% em março. Outro é a informação relativa às operações realizadas na rede multibanco, que indica que em abril o montante global de levantamentos nacionais, de pagamentos de serviços e de compras em terminais TPA cresceu 53,1% em termos homólogos, após ter recuperado 6,2% em março. No entanto, mais uma vez, “o montante destas operações permanece ainda num nível inferior ao observado antes da pandemia”, alerta o INE.
Já o indicador de investimento “registou um crescimento muito acentuado em março, depois das variações homólogas negativas registadas nos dois primeiros meses do ano”.
Por fim, o indicador de clima económico – que traduz os inquéritos qualitativos às empesas – “aumentou de forma expressiva em março e abril, superando ligeiramente o nível observado no início da pandemia (março de 2020), mas ficando ainda abaixo do observado no período homólogo de 2019”, enfatiza o INE.
Nota ainda para o consumo médio de eletricidade em dia útil, que registou uma variação homóloga de 10,5% em abril, o que compara com taxas de -0,9% e -2,2% em fevereiro e março, respetivamente.