Verão “excelente” supera expectativas das unidades hoteleiras no interior do Norte

“Para nós, e dadas as circunstâncias, os resultados são excelentes. Mantemos os números de 2019. Melhor não podíamos pedir”, garantiu Rui Marinho, dono da 11 casas e 14 ‘bungalows’ na aldeia turística criada no lugar de Oussias, em Arcos de Valdevez, no distrito de Viana do Castelo.

Para o proprietário da ArcosHouse, o verão de 2020 “superou, e bastante”, todas as previsões, para um setor que, “primeiro travou a fundo” e depois, a partir de maio, e com o início do desconfinamento, “acelerou, completamente a fundo”.

Até final do ano, segundo Rui Marinho, as perspetivas são, igualmente, muito animadoras”.

“Em setembro, até dia 15, estamos com uma taxa de ocupação de 85%, mas há ainda muitas reservas de última hora. Há muita gente ainda sem saber se vai poder gozar férias. Vamos esperar, mas temos expectativas que setembro vai ser excelente”, referiu o responsável do espaço, atualmente com uma taxa de ocupação de 100%.

Alguns quilómetros a sul, com Albufeira da Caniçada aos pés, a Serra da Cabreira em pano de fundo e o Gerês ali mesmo ao virar da esquina, a Pousadela Village, em Vieira do Minho, tem também lotação esgotada para este mês de agosto.

“Em julho, andámos à volta dos 90%. Este mês a ocupação é praticamente total, apenas com um ‘buraquinho’ aqui ou ali”, disse Rafael Viana, da administração.

Ali, o alojamento é em casas individuais, o que, admite o responsável, é um trunfo extra em tempos de pandemia.

No Douro, desde maio que se verifica uma abertura gradual das unidades hoteleiras, restaurantes e lojas de vinho que se haviam fechado a turistas por causa da pandemia de covid-19.

A Quinta do Vallado foi umas primeiras da região a reabrir as portas. O Wine Hotel Casa do Rio com seis quartos e duas suítes, em Vila Nova de Foz Côa, abriu a 15 de maio e depois, no dia 29 desse mês, foram os 13 quartos do Wine Hotel do Vallado, no Peso da Régua.

Cláudia Ferreira, diretora de turismo da Quinta do Vallado, revelou que a taxa de procura das duas unidades é de 100% para este mês de agosto e rondou os 90% em julho. Para setembro, a taxa de ocupação ronda 60%, mas, admitiu, este ano as reservas estão a ser feitas com pouca antecedência.

Para a responsável, a maior dificuldade sentida é no enoturismo, a nível de visitas e provas, um segmento que tinha como principais clientes os estrangeiros que vinham nas carrinhas de transporte de turistas passar um dia na região.

“Embora já se comece a ver um ou outro estrangeiro, 80% é mercado nacional”, salientou.

Também dedicado ao vinho, e no interior do distrito do Porto, o Monverde – Wine Experience Hotel tem lotação esgotada para agosto, depois de um junho nos 55% e julho nos 77%, meses maioritariamente preenchidos por portugueses, alguns espanhóis e franceses.

Na propriedade de 30 hectares, que se divide entre o concelho de Amarante e Felgueiras, os hóspedes têm conseguido sentir-se “em casa fora de casa”, contou à Lusa, Miguel Ribeiro, diretor-geral da unidade hoteleira,

Com uma retoma a mostrar-se “cada vez mais capaz” face à pandemia, Miguel Ribeiro acredita que esta é uma “dupla oportunidade” para a região, ao permitir que a mesma se destaque das restantes zonas do país e dê a conhecer, especialmente ao mercado nacional, um produto que, apesar de familiar, não conhece: as vindimas.

Por Albergaria-a-Velha, no distrito de Aveiro, Isabel Costa, proprietária do Vale da Silva Villas, diz que a pandemia “mudou tudo” e o espaço rural composto por oito casas de diferentes tipologias, rodeadas pela natureza, que costuma estar lotado com turistas estrangeiros, este ano, e por esta altura, está igualmente esgotado, mas por portugueses.

“Na semana passada recebi os primeiros alemães, tenho um casal de espanhóis e o resto são portugueses. Este é o ano tuga”, disse à Lusa Isabel Costa.

O presidente da entidade de turismo Porto e Norte de Portugal revelou dia 05 de agosto que a pandemia fez inverter os números da procura turística na região, com o interior a atrair agora 80% dos turistas, maioritariamente nacionais.

O turismo rural é o motor desta dinâmica que tem deixado as grandes cidades como o Porto com taxas de ocupação inversas ao período anterior à pandemia, nomeadamente a rondar os 30% no Porto, ainda assim “o dobro dos hotéis de Lisboa”, sublinhou.

Sourcesapo 24

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