Parlamento chumba moções alternativas ao ‘Brexit’ de Theresa May

De volta à estaca zero. O Parlamento britânico não conseguiu aprovar esta quarta-feira uma única moção entre as oito sujeitas a votos indicativos sobre o Brexit. Os resultados voltam assim a colocar o acordo de Theresa May como o único cenário claro para a saída do Reino Unido da União Europeia.

Das oito propostas hoje submetidas a votação, aquela que obteve maior apoio foi a quarta, que previa a permanência do Reino Unido numa união aduaneira com a União Europeia (UE) após o ‘Brexit’, rejeitada por apenas oito votos (264-272).

Das restantes sete, a primeira opção, uma saída sem acordo a 12 de abril, foi rejeitada com 160 votos a favor e 400 contra. A segunda emenda, intitulada “Mercado Comum 2.0”, que previa uma adesão à Associação Europeia de Comércio Livre (EFTA), obteve 188 votos a favor e 283 contra. A terceira hipótese, que propunha adesão à EFTA sem união aduaneira, obteve apenas 65 votos a favor e 377 contra. Na quinta emenda apresentada, que previa uma união aduaneira com a UE e ligação ao mercado único, 237 deputados votaram a favor e 307 contra.

A revogação do Artigo 50.º se não houver acordo antes do dia da saída, a sexta hipótese colocada, foi rejeitada com 184 votos a favor e 293 contra. Quanto à realização de um novo referendo sobre qualquer acordo de saída, a sétima opção apresentada, a Câmara dos Comuns pronunciou-se com 268 votos a favor e 295 contra. Na oitava e última opção levada a votação, que previa acordos comerciais sem acordo de saída, 139 deputados britânicos votaram a favor e 422 votaram contra.

Os deputados tencionam agora reduzir a lista das opções antes de nova votação na segunda-feira.

Alteração da data do Brexit

Num longo e agitado em dia em Westminster, os deputados apenas encontraram uma maioria para a alteração da lei com vista à extensão do artigo 50, que prevê agora duas datas de saída: 12 de abril ou 22 de maio. A revisão do instrumento estatutário recolheu 441 votos a favor e 105 contra.

Estas datas foram estipuladas nas conclusões do Conselho Europeu de 21 de março, na sequência de um pedido do Governo britânico para uma extensão do artigo 50.º do Tratado de Lisboa, que define um período de dois anos para negociar a saída de um Estado-membro da UE.

Acordo de May ‘renascido’ com anúncio de saída

Depois de dois chumbos no Parlamento desenha-se a perspetiva de uma terceira votação da proposta da primeira-ministra. O problema é que essa intenção só será possível se existirem mudanças no documento, avisou já o speaker John Bercow.

Theresa May anunciou mesmo que está disponível para deixar o cargo, caso o plano que defende seja aprovado.

“Estou preparada para deixar este trabalho mais cedo”, disse, acrescentando: “Mas antes de o fazermos, temos que terminar o trabalho que temos nas mãos”

A notícia gerou o recuo de vários rebeldes conservadores. Entre a fação eurocética do ERG, mais de uma dezena de elementos mostrou-se disposta a dizer sim ao acordo.

Revés dos Unionistas Irlandeses

No entanto, quando parecia em curso uma vaga de fundo que poderia salvar o acordo – na qual se incluíam as declarações de apoio de Jacob rees-Mogg (líder do ERG) e Boris Johnson (ex-ministro dos Negócios Estrangeiros), chegou o ‘Não’ dos Unionistas Irlandeses do DUP.

O partido aliado dos Conservadores no Parlamento votou contra o plano de May nas duas anteriores votações e revelou que vai voltar a chumbar o documento caso ele seja aceite para nova decisão. Segundo a mensagem da líder dos Unionistas, Arlene Foster, o acordo de May compromete a futura integridade do Reino Unido.

As divisões no Parlamento são o espelho do que se passa na sociedade.

Por um lado, os que defendem o Brexit exigem o respeito pelos 17,4 milhões de eleitores que escolheram sair no referendo de 2016. Do outro, aqueles que querem continuar dentro da União Europeia mobilizam-se na Internet e nas ruas para tentar ainda uma segunda consulta popular.

Outras fontes • BBC / The Guardian / Reuters

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