Foram vendidas 500 casas por dia em 2018

É definitivo. O setor imobiliário fechou as portas à crise e deitou a chave fora. A compra de casas em Portugal está em alta e no ano passado voltou a crescer entre 15% e 20%. Entre janeiro e dezembro de 2018, terão sido vendidas cerca de 180 mil casas, mais 25 mil do que no ano anterior. As estimativas foram avançadas ao DN/Dinheiro Vivo pela Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP).

Os números finais só serão apresentados em março pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), mas no último trimestre de 2018, o que falta contar, o ritmo de vendas deverá ter sido semelhante ao do resto do ano. Até setembro foram vendidas 132 mil casas, com o segundo e terceiro trimestres a superarem a marca das 45 mil transações. Segundo as previsões da APEMIP para o conjunto do ano, o total de vendas terá oscilado entre as 176 mil e as 183 mil habitações. Mais do que 2013 e 2014 juntos. Por dia, foram vendidas cerca de 500 casas em Portugal. É um aumento de 125% desde 2014.

O número é o mais elevado desde pelo menos 2009, quando começaram a ser publicadas as séries do INE. A tendência bate certo com o aumento da concessão de crédito à habitação pelos bancos. Até novembro do ano passado, o financiamento da compra de casas atingiu 8,9 mil milhões de euros, o valor mais elevado desde 2010.

As imobiliárias preveem que as vendas continuem a aumentar, tal como os preços.

As imobiliárias confirmam que as famílias portuguesas regressaram em força ao mercado, à boleia da recuperação da economia e da torneira aberta dos bancos. A JLL, por exemplo, vendeu 50 casas novas em Carnaxide em 48 horas a compradores portugueses.

Mas à semelhança do que acontece desde 2012, ano da criação dos vistos gold, os estrangeiros continuaram a açambarcar uma fatia larga do mercado imobiliário em Portugal. Também segundo a APEMIP, terão representado 20% das vendas de casas no ano passado. Traduzido em números, os estrangeiros compraram cerca de 35 mil casas em Portugal em 2018. Houve, no entanto, uma queda ligeira em relação a 2017, ano em que os compradores internacionais tomaram conta de 25% do mercado. “A percentagem não se deve ao decréscimo do investimento estrangeiro, mas ao aumento da representatividade do mercado interno”, explica Luís Lima, presidente da APEMIP.

Brasileiros e, sobretudo, franceses continuam a ser os que mais procuram casa em Portugal. “Cidadãos destes países têm apostado um pouco por todo o país e nota-se verdadeiramente uma descentralização do investimento para fora das principais cidades. Por outro lado, continua a haver uma manutenção das transações feitas por cidadãos britânicos, que preferem, tal como é tradicional, a região algarvia”, conta Luís Lima.

As imobiliárias preveem que as vendas continuem a aumentar, tal como os preços, em 2019. Em novembro do ano passado, a avaliação bancária das casas atingiu os 1215 euros por metro quadrado, o valor mais alto desde que há registo. Já a APEMIP prefere, “pela primeira vez”, não avançar com previsões para 2019, porque é “difícil prever as flutuações deste mercado”, justifica Luís Lima.

“O mercado imobiliário continua a ter todas as condições para continuar a crescer, e é o que acreditamos que aconteça, ainda que se possa assistir a uma ligeira desaceleração do crescimento, que também é natural. Por outro lado, o facto de este ser um ano de eleições deixa o mercado apreensivo, o que poderá ter algumas repercussões. De qualquer modo, se tudo se mantiver como está e se não forem tomadas nenhumas medidas que possam influenciar negativamente o bom momento deste setor, acredito que a rota de crescimento se mantenha.”

Preços aumentaram 15,6% num ano

Os preços das casas em Portugal registaram uma subida de 15,6% no espaço de um ano. A subida foi impulsionada pelos aumentos dos preços nos concelhos das áreas metropolitanas de Lisboa e Porto, revela o Índice de Preços Residenciais da Confidencial Imobiliária para o terceiro trimestre de 2018. A forte procura de imóveis para usos turísticos e por casas de gama alta, nomeadamente de estrangeiros, e o reavivar do mercado interno explicam esta valorização.

O Porto é o concelho onde os preços mais cresceram a nível nacional. O custo dos imóveis registou no terceiro trimestre de 2018 uma subida de 28,8% em relação ao período homólogo de 2017. “O Porto está no topo do ranking das valorizações” e este incremento prende-se com os investimentos de carácter turístico e com a reabilitação para habitação de gama alta, acompanhados pelo regresso das famílias ao mercado, explica Ricardo Guimarães, diretor da Confidencial Imobiliária.

Na sua opinião, “a cidade deu um salto em termos de potencial de valor”, realçando que se registaram transações a 5000 euros o metro quadrado. “Não há memória de valores deste género” na Invicta. Quando comparado com o segundo trimestre, os preços aumentaram 7,4% entre julho e setembro. A cidade, que nos últimos dois anos teve um ritmo de valorização bastante abaixo de Lisboa, está desde o final de 2017 em forte aceleração.

Lisboa vive agora “uma fase de confirmação”, diz. O concelho apresentou uma subida de 18,6% nos preços das casas no terceiro trimestre de 2018, mas o valor subiu apenas 3,1% quando comparado com o período de abril a junho. Interessante é verificar que Cascais é o segundo concelho neste ranking, com uma valorização de 24,9%, embora também apresente sinais de travagem como evidencia o residual aumento de 0,5% na variação trimestral. Estes concelhos, que apresentam os níveis de preço mais elevados a nível nacional, mantêm uma valorização significativa, mas com evidentes sinais de suavização, sublinha.

Dos 278 municípios monitorizados no índice da Confidencial Imobiliário, 90 apresentaram crescimentos homólogos acima dos 10% e duas dezenas tiveram valorizações superiores à média nacional. O preço das casas na União Europeia aumentou 4,3% no terceiro trimestre de 2018, de acordo com os último dados do Eurostat; em Portugal subiu quase o dobro (8,5%).

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