O abrandamento da economia mundial tem sido antecipado por diversas instituições internacionais e deverá afetar os países com que a economia nacional está mais ligada, com reflexo na procura externa.
O Banco Mundial prevê que a economia da zona euro, o principal destino das exportações portuguesas, cresça 1,6% este ano, menos um ponto percentual (p.p.) do que nas projeções de junho.
No relatório semestral “Perspetivas Económicas Globais”, publicado nesta terça-feira, a instituição de desenvolvimento global revê em menos dois p.p as estimativas avançadas em junho para 2018 e prevê que o Produto Interno Bruto (PIB) na zona euro tenha crescido 1,9%. Para o próximo ano projeta um crescimento de 1,5% e para 2021 de 1,13%.
A instituição sediada em Washington explica que em 2018 se registou um abrandamento das exportações, refletindo a apreciação do euro e um abrandamento da procura externa, enquanto a inflação “permanece alta”.
“A inflação permanece cerca de 1%, enquanto as expectativas de inflação a longo prazo continuam a flutuar à volta de 1,6%, tal como nos últimos três anos”, refere o relatório, salientando que o Banco Central Europeu deverá manter a política de taxas de juro negativas pelo menos até meio de maio deste ano.
Para o Brasil, que integra o ranking dos dez principais mercados das exportações portuguesas, o Banco Mundial prevê uma expansão da economia para 2,2% este ano, passando para 2,4% em 2020 e 2021. Justifica, no entanto, que o cenário pressupõe “que as reformas fiscais sejam rapidamente implementadas e que a recuperação do consumo e investimento supere os cortes nas despesas públicas” e explica que a recuperação do segundo semestre permitiu ao Brasil acelerar levemente o crescimento em 2018, a uma taxa estimada de 1,2%.
Já para a economia angolana, o Banco Mundial reviu em alta as estimativas anteriores, para 2,9% este ano, face aos 2,2% previstos no relatório de junho. Deverá expandir para 2,6% em 2020 e 2,8% em 2021.
A nível global, o Banco Mundial reviu em baixa ligeira as previsões de crescimento da economia para 2,9% este ano, menos um p.p. do que na projeção de junho, consequência da moderação do comércio mundial e dos investimentos, das tensões comerciais e de uma diminuição das condições de financiamento como fatores de pressão para a economia mundial. Para 2020, a instituição de desenvolvimento mundial projeta um crescimento de 2,8%, que compara com a anterior previsão de 2,9%, tal como para 2021.
No Orçamento do Estado para 2019 (OE2019), o Governo prevê uma expansão da economia para 2,2% em 2019, projetando um aumento das exportações de 4,6%. No entanto, quer o Fundo Monetário Internacional quer Bruxelas mostram-se mais pessimistas sobre o ritmo de crescimento da economia. A instituição de Bretton Woods antecipa uma expansão de 1,9%, enquanto as estimativas da CE no ‘Autumn 2018 Economic Forecast’ apontam para 1,8% em 2019, abaixo dos 2% das previsões de verão.